Pra começo de conversa...

            Me recordo até hoje, quando estava assistindo à uma aula de dietética sobre cardiopatias e o professor falava sobre fontes de Ômega 3, levantei o braço e disse: ”Professor, a linhaça também é uma ótima fonte!” E este respondeu: “O quê? Você pretende dar comida de passarinho aos seus pacientes?” e isto foi seguido por uma gargalhada da turma. Este episódio, assim como outros, foram comuns durante a graduação. Por ser vegetariana, sofria um certo preconceito por parte de alguns professores e principalmente colegas desinformados. Hoje, agradeço pelo comentário do professor, pois naquele momento despertou em mim o desejo de encontrar pessoas que dividissem este mesmo pensamento, algo me dizia que a linhaça, assim como outras sementes, eram alimentos maravilhosos, e que deveríamos aprender, e muito, com os passarinhos.

            Todos já estão até meio saturados de ouvir dizer sobre o quanto a alimentação moderna está tornando a humanidade doente, intoxicada por hormônios sintéticos, agrotóxicos, transgênicos, aditivos, etc... é essencial esta denúncia e a movimentação dos consumidores para garantia do direito de saber o que está comendo.

            Mas, neste momento gostaria de refletir sobre a alimentação enquanto mediadora da relação ser humano – natureza, o resgate da cultura alimentar, o contato com a mãe terra... Isto é possível através da alimentação viva. Esta tem como princípio ampliar a energia vital dos alimentos, para isto, nos alimentamos de sementes germinadas e brotos que estão no auge de sua energia vital, de alimentos frescos (frutas e hortaliças) e não utilizamos processos como o cozimento e congelamento por fazer com que percam sua vitalidade.

            Ao inserir as sementes em minha vida pude compreender porque algumas pessoas dizem que as sementes são estrelas. Me encantei com o processo de desintoxicação e revitalização física, emocional, mental e espiritual que esta alimentação proporciona, trazendo a verdadeira alegria de viver.

            Este é um convite das sementes para despertamos para a defesa da natureza, da preservação das sementes crioulas e daqueles que as estão cultivando. Vamos (re) aprender, com os pássaros, que fazemos parte desta natureza!